A Reforma Tributária de 2026 representa a maior transformação no sistema brasileiro de impostos sobre consumo desde a criação do ICMS, há mais de 50 anos. Embora o assunto esteja em destaque nas notícias e nas redes sociais, muitos empreendedores seguem com a mesma dúvida: o que realmente vai mudar na prática? E, principalmente, como isso impacta o caixa, o preço, a rotina e as obrigações da empresa?
Como contador, acompanho diariamente o impacto das regras fiscais na vida real dos negócios. Por isso, este guia foi criado para explicar a Reforma sem complicações — de forma clara, objetiva e com exemplos práticos. Minha intenção é que você termine a leitura com uma visão completa, sem precisar recorrer a textos extremamente técnicos.
Antes de avançarmos, vamos começar pela pergunta central: o que, de fato, mudará?

Índice
ToggleO que realmente muda com a Reforma Tributária 2026
A Reforma Tributária de 2026 traz mudanças profundas no sistema de impostos. Para entender melhor, é importante lembrar que o objetivo central é simplificar, padronizar e reduzir a complexidade que existe hoje.
Por isso, o novo modelo elimina cinco tributos e cria apenas três. Assim, a rotina das empresas tende a ficar mais clara e previsível.
Tributos que serão extintos
Atualmente, as empresas precisam lidar com diversos impostos diferentes, cada um com regras próprias. Como consequência, isso gera burocracia, erros e altos custos administrativos.
Com a Reforma, deixam de existir:
- Pis;
- Cofins;
- ICMS;
- ISS;
- Parte do IPI.
Em outras palavras, o sistema atual será substituído gradualmente por um modelo mais simples, o que deve reduzir disputas e interpretações dúbias.
Quais são os novos impostos
Para substituir esses tributos, entram em vigor apenas dois:
- CBS – Federal;
- IBS – Estadual e municipal;
- IS – Federal.
Ambos fazem parte do novo sistema chamado IVA Dual. Com isso, o país passa a utilizar um modelo semelhante ao adotado por diversos países desenvolvidos. Como resultado, a apuração tende a ficar mais objetiva.
Por que o IVA Dual muda tudo
O IVA Dual simplifica a cobrança e reduz distorções. Além disso, ele diminui a quantidade de regras paralelas e melhora o planejamento tributário. Pela primeira vez, o sistema brasileiro terá:
- regras uniformes;
- créditos tributários amplos;
- redução da cumulatividade;
- maior segurança jurídica.
Em resumo, o IVA Dual coloca o Brasil mais próximo de padrões internacionais e facilita o dia a dia das empresas.
Os três pilares do novo modelo tributário
O novo sistema não altera apenas os nomes dos impostos. Na verdade, ele traz três pilares estruturais que mudam a forma como o tributo é calculado. Portanto, entender esses pilares é essencial para se adaptar ao novo cenário.
Não cumulatividade plena
Hoje, diversos impostos se acumulam ao longo da cadeia, o que aumenta o preço final. No entanto, com a Reforma, isso muda completamente. A partir de agora:
- tudo que a empresa compra gera crédito;
- tudo que a empresa vende gera débito;
- o tributo devido será apenas a diferença entre crédito e débito.
Dessa forma, o sistema fica mais justo e transparente.
Crédito financeiro amplo
Outro ponto essencial é o crédito financeiro amplo. Atualmente, muitos gastos não geram crédito. Como resultado, o custo real do imposto é maior. No novo modelo, porém:
- praticamente todas as despesas operacionais gerarão crédito;
- não haverá distinção entre tipos de insumos;
- o crédito será financeiro e integral.
Consequentemente, as empresas terão redução de custos ocultos e maior competitividade.
Tributação no destino
Por fim, o imposto passa a ser recolhido onde o consumidor está. Isso significa:
- menos guerra fiscal;
- menos distorções entre estados;
- mais segurança para vendas interestaduais.
Assim, empresas que vendem para várias regiões do país terão mais previsibilidade.
Como será a apuração do imposto a partir de 2026
Com o novo sistema, a apuração fica mais simples e parecida com a de outros países que utilizam o IVA. Antes, cada tributo exigia cálculos diferentes. Agora, o processo será uniforme, o que facilita a rotina das empresas.
Como a apuração funciona
O fluxo será o seguinte:
- A empresa compra insumos e obtém créditos.
- A empresa vende produtos ou serviços e gera débitos.
- O imposto devido será apenas a diferença entre debitar e creditar.
Portanto, quanto mais eficiente for a gestão de créditos, menor será o imposto pago.
Exemplo prático
Imagine a seguinte situação:
• Compra de insumos: R$ 10.000
• Crédito gerado: R$ 1.800
• Venda final: R$ 18.000
• Débito gerado: R$ 3.240
Cálculo:
Débito – Crédito = Imposto devido
R$ 3.240 – R$ 1.800 = R$ 1.440
Desse modo, você paga apenas pelo valor agregado.
Tributação no destino: por que essa mudança é tão importante
A mudança para tributação no destino é um dos pilares mais estratégicos da Reforma. Isso porque ela transforma a lógica utilizada há décadas.
Como funciona hoje
Atualmente:
- o imposto é cobrado no estado onde o produto é vendido;
- estados disputam empresas oferecendo benefícios fiscais;
- isso gera insegurança e distorção logística.
Por esse motivo, muitas empresas definem sua operação com base em incentivos, e não na eficiência.
O que muda com a Reforma
Com a tributação no destino:
- o imposto será recolhido no local do consumo;
- não haverá vantagem em “emigrar” operações para estados incentivadores;
- as regras se tornam uniformes em todo o país.
Consequentemente, as empresas poderão planejar melhor sua operação e logística.
O impacto do Split Payment no fluxo de caixa
O split payment é, sem dúvida, uma das mudanças mais sensíveis da Reforma. Ele afeta diretamente o fluxo de caixa e exige uma reorganização financeira.
Como o split payment funciona
Quando o cliente paga por um produto ou serviço, o sistema automaticamente separa o valor do imposto. Em seguida:
- o valor referente ao tributo é enviado ao governo;
- a empresa recebe apenas o montante líquido;
- a responsabilidade de repassar o imposto deixa de ser da empresa.
Em outras palavras, o split payment funciona como uma retenção automática.
Como isso afeta as empresas
Essa mudança traz vantagens, mas também desafios. Entre os principais impactos, estão:
- redução da inadimplência fiscal;
- diminuição de erros na apuração;
- necessidade de revisar prazos e contratos;
- ajustes no capital de giro;
- maior atenção em vendas parceladas.
Portanto, é essencial que a empresa revise seu fluxo de caixa com antecedência.
Diferenças práticas entre CBS e IBS
Embora ambos os tributos compõem o IVA Dual, eles têm objetivos e naturezas diferentes. Assim, compreender essas diferenças ajuda a organizar processos internos.
CBS – Contribuição sobre Bens e Serviços
A CBS será:
- federal;
- administrada pela Receita Federal;
- responsável por substituir Pis e Cofins.
Ela incidirá sobre operações com bens, serviços e direitos.
IBS – Imposto sobre Bens e Serviços
Por outro lado, o IBS será:
- administrado por estados e municípios;
- responsável por substituir ICMS e ISS;
- regido por um Comitê Gestor Nacional.
Apesar disso, ambos terão regras uniformes, o que reduz divergências e facilita o dia a dia da empresa.
O impacto da Reforma por setor
A Reforma Tributária não afeta todos os setores da mesma forma. Cada segmento possui características próprias, especialmente no que diz respeito ao uso de insumos, mão de obra e cadeia produtiva.
Por isso, compreender essas diferenças é fundamental para prever mudanças no fluxo de caixa, na precificação e até na organização interna do negócio.
Além disso, uma leitura setorial permite antecipar ajustes que evitarão custos inesperados durante a transição.
Indústria: ganhos importantes e redução de custos ocultos
A indústria tende a ser um dos setores mais beneficiados com as novas regras. Isso acontece porque a ampliação do crédito financeiro reduz custos acumulados ao longo da cadeia produtiva.
Como esse segmento costuma comprar muitos insumos, a possibilidade de aproveitar créditos de forma mais ampla melhora a competitividade e reduz distorções fiscais.
Além disso, a não cumulatividade plena diminui litígios e traz mais previsibilidade ao planejamento tributário.
Comércio: simplificação e redução de incertezas
No comércio, a principal mudança é a simplificação tributária. Hoje, empresários enfrentam grande complexidade para lidar com ICMS, especialmente em operações interestaduais.
Com a Reforma, o sistema se torna mais claro e padronizado, reduzindo o risco de erros e autuações.
Consequentemente, lojistas e varejistas terão mais segurança ao formar preços, negociar com fornecedores e organizar o estoque.
Serviços: setor que exige mais atenção
O setor de serviços requer atenção especial, pois pode sentir aumento na carga tributária. Como muitas empresas dessa área utilizam poucos insumos — e, portanto, acumulam menos créditos — o impacto financeiro tende a ser mais perceptível.
Por essa razão, será essencial revisar contratos, simular novos percentuais de imposto e ajustar valores de venda.
Dessa forma, é possível manter margens saudáveis e evitar prejuízos nos primeiros anos de implementação.
Cronograma da Reforma Tributária 2026
É natural que a dúvida mais comum seja: “Quando, de fato, tudo isso passa a valer?”. Felizmente, a implementação será gradual, o que dá tempo para se adaptar.
Linha do tempo oficial
Veja como ficará o calendário:
- 2026 – fase de testes do sistema (sem obrigatoriedade);
- 2027 a 2032 – convivência entre o sistema antigo e o novo;
- 2033 – fim definitivo dos tributos antigos (Pis, Cofins, ICMS, ISS e parte do IPI).
Em outras palavras, apesar de parecer distante, 2026 marca o início de ajustes que serão fundamentais para evitar problemas no futuro.
Por que o cronograma é tão importante
Porque ele mostra que as empresas precisam:
- revisar processos gradualmente;
- testar simulações antes da obrigatoriedade:
- preparar sistemas e equipes com tempo:
- evitar impactos repentinos no caixa.
Quanto antes sua empresa começar a entender as mudanças, maior será a vantagem competitiva.
Como calcular o novo imposto: guia prático e direto
Calcular o novo imposto pode parecer desafiador no começo, mas o processo se torna simples quando os sistemas e cadastros estão organizados. O novo modelo segue uma lógica de crédito e débito inspirada em boas práticas internacionais.
Assim, a empresa paga apenas sobre o valor realmente agregado às operações.
Passo a passo simplificado
Veja como será o processo de cálculo:
- Identifique a base de cálculo (valor da operação).
- Aplique a alíquota da CBS.
- Aplique a alíquota do IBS.
- Calcule o total de débitos.
- Subtraia os créditos disponíveis.
- Registre tudo na escrituração.
- Finalize o recolhimento via split payment.
Assim, o sistema fica mais seguro e menos sujeito a interpretações diferentes.
Por que o cadastro é decisivo
Porque:
- NCM incorreto → crédito indevido;
- CFOP incorreto → informações divergentes;
- CST incorreto → risco de autuação;
- Dados inconsistentes → perda de crédito.
Ou seja, um cadastro errado gera impacto financeiro direto.
Como se preparar para 2026: guia definitivo
A preparação para a Reforma precisa ser estruturada. Isso porque o processo envolve ajustes operacionais, financeiros, fiscais e tecnológicos.
Dessa forma, o ideal é iniciar um planejamento interno que envolva todas as áreas impactadas. Assim, sua empresa terá tempo para adaptar processos e evitar prejuízos.
Faça um diagnóstico tributário completo
O primeiro passo é entender o cenário atual. Para isso, analise:
- margens de lucro;
- mix de produtos e serviços;
- créditos disponíveis;
- regime atual e possíveis impactos com o novo modelo.
Esse diagnóstico serve como base para qualquer decisão futura.
Atualize todos os cadastros fiscais
Essa etapa é essencial, porque o novo sistema usa amplamente o conceito de crédito financeiro.
Atualize:
- NCM;
- CFOP;
- CST;
- Descrição de produtos;
- Serviços vinculados.
Erros nesses códigos podem impedir o crédito e aumentar o imposto.
Integre todos os sistemas internos
Em seguida, é fundamental que os sistemas conversem entre si. Isso inclui:
- ERP;
- Financeiro;
- Emissor Fiscal;
- Estoque;
- CRM.
Com o split payment, qualquer divergência pode travar processos.
Realize simulações periódicas
Simular cenários permite prever:
- Aumentos de carga;
- Reduções de carga;
- Impactos no caixa;
- Necessidade de ajustes de preço.
Com isso, você evita surpresas.
Treine sua equipe
Por fim, não adianta apenas o dono entender. É necessário que:
- Financeiro;
- Compras;
- Faturamento;
- Fiscal.
Falem a mesma linguagem. O treinamento reduz erros e aumenta a eficiência.
Erros que você precisa evitar imediatamente
Durante a transição, alguns erros são comuns e podem custar caro. Por isso, é essencial evitá-los desde o início. Entre os principais riscos estão deixar testes para a última hora, ignorar o impacto do split payment e manter cadastros desatualizados.
Além disso, não revisar contratos e utilizar sistemas sem integração pode comprometer a operação.
Checklist prático para 2026
Para facilitar ainda mais, veja um checklist direto para aplicar imediatamente:
✓ Revisão completa dos cadastros;
✓ Mapeamento de créditos;
✓ Simulações trimestrais;
✓ Ajustes de precificação;
✓ Teste de integração de sistemas;
✓ Revisão de contratos;
✓ Treinamento de equipes;
✓ Reforço no fluxo de caixa;
✓ Conferência contínua das regras do ERP.
Esse checklist pode ser revisado a cada três meses.
Como a contabilidade ajuda na Reforma Tributária
A contabilidade tem papel essencial durante a transição, porque a Reforma impacta diretamente cálculos, rotinas fiscais e processos operacionais. Contadores especializados conseguem identificar riscos, aproveitar créditos, ajustar contratos e preparar sistemas internos.
Dessa forma, o empreendedor reduz incertezas e garante mais segurança na adaptação ao novo modelo tributário.
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Conclusão: quem se prepara agora sai na frente
A Reforma Tributária 2026 representa um avanço importante para o país. Ainda assim, como toda mudança ampla, ela exige planejamento. Empresas que iniciam a preparação agora terão:
- Mais controle;
- Menos risco;
- Maior competitividade;
- Decisões mais seguras;
- Planejamento de longo prazo.
Portanto, este é o momento ideal para organizar processos, revisar sistemas e contar com apoio contábil especializado.
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FAQ – Perguntas Frequentes
1. A Reforma Tributária vai aumentar ou reduzir a carga de impostos da minha empresa?
A Reforma Tributária pode aumentar, reduzir ou até manter estável a carga de impostos, e isso depende diretamente do setor, do modelo de negócio e da estrutura de custos da empresa. De forma geral, a indústria tende a sentir redução, porque é altamente beneficiada pelo crédito amplo do IVA; o comércio costuma experimentar estabilidade ou leve queda, já que o sistema se torna mais simples e previsível; e o setor de serviços pode perceber aumento, pois utiliza poucos insumos e, consequentemente, gera menos créditos. No entanto, o impacto real só pode ser avaliado quando a empresa realiza simulações específicas, porque alíquotas, margens, despesas e operações variam muito entre um negócio e outro.
2. Como o split payment vai mudar o fluxo de caixa da minha empresa?
O split payment altera profundamente o fluxo de caixa porque o imposto deixa de transitar pela empresa e passa a ser retido automaticamente no momento do pagamento, o que significa que o negócio não receberá mais o valor bruto das vendas e, por consequência, terá um caixa diário mais enxuto. Além disso, operações parceladas sofrem impacto ainda maior, exigindo revisão de prazos, renegociação com clientes e fornecedores e ajustes no capital de giro. Portanto, empresas que dependem de recebimentos parcelados, trabalham com margens apertadas ou operam com alto volume de vendas precisam se preparar com antecedência para evitar desequilíbrios financeiros durante a transição.
3. Empresas do Simples Nacional serão afetadas pela Reforma?
Apesar de permanecerem dentro do regime, empresas do Simples Nacional serão afetadas indiretamente pela Reforma, pois todo o ambiente tributário ao redor delas mudará. Isso ocorre porque fornecedores e clientes fora do Simples estarão sujeitos às novas regras do IVA, o que pode gerar alterações nos preços, nas margens e até nos percentuais usados em contratos. Além disso, a lógica de créditos financeiros dentro da cadeia poderá influenciar compras, negociações e decisões comerciais. Em outras palavras, mesmo que a empresa continue no Simples, ela precisará acompanhar as mudanças para não perder competitividade.
4. O que acontecerá com os créditos acumulados no sistema atual?
Os créditos acumulados de ICMS, PIS e Cofins passam por regras específicas de transição e, conforme a legislação determina, poderão ser compensados, convertidos ou utilizados ao longo de prazos definidos durante a implementação do novo sistema. No entanto, é importante destacar que os estados possuem autonomia para regulamentar o uso dos créditos de ICMS, o que significa que as normas podem variar conforme a região. Por essa razão, mapear todos os créditos existentes antes de 2026 e revisar a origem de cada um é fundamental para evitar perdas e garantir que tudo seja aproveitado da forma mais vantajosa possível.
5. Como a Reforma impacta contratos de longo prazo?
Contratos de longo prazo, como os de prestação de serviços, fornecimento contínuo, arrendamentos, franquias e acordos superiores a doze meses, precisarão ser revisados porque a lógica tributária muda completamente a partir da Reforma. Como as alíquotas, a base de cálculo e o modelo de crédito passam a seguir novas regras, qualquer contrato que envolva repasse de impostos pode gerar desequilíbrios financeiros, conflitos de interpretação ou até perda de margem para uma das partes. Por isso, a revisão conjunta entre advogados e contadores torna-se essencial para ajustar cláusulas, redistribuir responsabilidades e garantir segurança jurídica durante toda a transição.






